O meu Eu de 12 anos era mais divertido do que meu Eu de 17.

Hoje é sábado mas para mim é como se o fim de semana já tivesse passado e levado com ele toda a recarga de alegria que ainda restava no meu peito. Não, não aconteceu nenhuma tragédia. Nenhum familiar meu ficou doente demais ou morreu, ninguém quebrou meu coração e nem deixei de falar com alguém. Talvez seja só a TPM cumprindo seu papel mesmo, só sei que estou me sentindo assim.
Sabe aqueles dias que a gente amanhece com crise de auto estima e achando que ser criança era infinitamente mais fácil do que encarar alterações de humor, bullying e cyberbullying, garotos idiotas explodindo de tanta testosterona, e seus pais te achando completamente inútil? É isso.
Para completar o pacote ainda resolvi lembrar que a página de músicas do RBD ainda existe no kboing, cá estou eu morrendo de cólica e baixa auto estima, praticando meu espanhol ridículo e relembrando como era bom achar que eu era a Roberta. Ok, com 12 anos de idade eu já era dramática, tinha mania de querer me matar mas nunca tinha coragem, eu era complexada demais em relação ao meu peso e isso só veio mudar no finzinho do ano passado, mas mesmo assim eu vivia feliz.
Cara com 12 anos de idade o mundo é mais fácil porque você consegue viver apenas no seu mundo de fato. Aos 17 eu ainda tento viver no meu mundo, dentro de uma cúpula inpenetravel e tudo mas, só que não dá para ser assim, existem as responsabilidades batendo constantemente a sua porta. Estudar para o ENEM, pensar em que carreira seguir, procurar um emprego porque a sua mãe fica te enchendo o saco "Ah você só quer saber de gastar e trabalhar que é bom nada" e todos esses blá blá blá's irritantes. Um segredo: Eu não estou conseguindo cumprir com nenhuma dessas responsabilidades. Odeio minha escola e as pessoas que à frequentam, prefiro ler um romance água com açúcar da Stephenie Meyer do que estudar gramática e a chata matemática, e tenho preguiça de sobra para não me atrever a sair das asas da minha mãe.
Esses dias eu estive pensando que eu não saí dos 12, pelo menos parte de mim não. Eu ainda não me sinto preparada para ir morar sozinha, ainda não tenho maturidade/responsabilidade suficientes para me focar e ser bem sucedida em nenhum curso na faculdade, e ainda carrego comigo a paixão inacabável pelo Nx Zero.
O meu eu de 12 anos imaginava que o meu eu de 17 seria um alguém inteligente, responsável, já estaria comprando suas coisinhas para o apartamento/casa que ia dividir com as amigas na capital e já teria pelo menos um curso de inglês completo. Nada disso aconteceu. Nada foi como imaginei. Sejamos sinceros essa porra toda de crescer é chata mesmo, dá trabalho pra caramba e é mais comôdo ficar na casa dos pais escutando eles falarem do quanto você os decepcionou.
Seria bom, muito bom aliás, de fosse como nos filmes. Happy hours, promoções no trabalho, caso com o chefe, noitadas, tomar sorvete depois de um toco vestida sob pantufas rosas e um pijama de bolinhas. Depois lá no final apareceria um cara bem humorado com cabelos esvoaçantes e um belo par de olhos acizentados, ele te pagaria uma bebida e tentaria te seduzir, você muito acostumada com aquele tipinho muito atraente de cafajeste de esquivaria. Noutro dia de manhã ele não satisfeito com o toco descobriria de um jeito desconhecido o endereço da donzela e deixaria flores para você. A partir daí seria aquela estória tão conhecida, o cafajeste se tornaria o bom moço puritano e crescer pareceria um conto de fadas.
Na realidade crescer não é assim. É chato, e inúmeras vezes (pelo menos se tratando de mim) você não consegue concluir um projeto porque encheu o saco daquilo.
Conclusão: O meu eu de 12 anos está irreparavelmente decepcionado com meu eu de 17 anos.
Fico me perguntando como meu eu de 17 anos se sentirá em relação ao meu eu de 25 quando chegarmos lá.